Claudio Franco de Sá Santoro é um dos mais ilustres músicos vindos do Amazonas. Nascido em Manaus, capital do estado, no ano de 1919, foi um grande compositor, regente, professor, administrador, jurado, articulista, organizador, dentre outros, que representou o estado do Amazonas em conferências e palestras no Brasil e ao redor do mundo como convidado de vários governos e instituições.
Ele foi o primeiro de 12 filhos. Desde cedo foi considerado um garoto prodígio e morreu em 1989, regendo durante o primeiro ensaio que seria em homenagem à Revolução Francesa. Teve importância nas áreas educacionais, arísticas e políticas, tanto que após sua morte algumas instituições e locais ganharam seu nome - como o Auditório em Campos do Jordão-SP e o Liceu de Artes e Ofícios Claudio Santoro-Manaus-AM.
Auditório Claudio Santoro - Campos do Jordão, SP |
Sua jornada começou cedo. Aos 10 anos de idade ganhou um violino de seu tio, passando assim a receber suas primeiras aulas teóricas e práticas de música. Aos 13 ganhara uma bolsa de estudos do governo do Amazonas para estudar no Conservatório de Música do Rio de Janeiro, aonde tornou professor de violino após sua graduação em 1937. Três anos depois compôs sua primeira sinfonia junto com o professor alemão Hans-Joachim Koellreutter que lhe ensinou técnicas de composição e contraponto, juntos os dois lideram o Grupo Música Viva que representava a nova escola de composição brasileira.
Em 1948, Santoro encontrava-se estudando com Nadia Boulanger, aonde foi designado para representar o Partido Comunista no 2º Congresso Internacional de Compositores e Críticos Musicais de Praga, assumindo assim dentre outros uma posição estética em busca de meios acessíveis e em conformidade com seu osicionamento ideológico.
Ao regressar para o Brasil passou por dificuldades financeiras, o que o levou a morar em uma fazenda no sul de Minas Gerais. Em 1950 voltou para o Rio, onde trabalhou na Osquestra da Radio Tupi como violinista e escrevendo músicas para inúmeros filmes brasileiros, muitos deles inclusive recebendo prêmios.
Teatro Nacional Claudio Santoro - DF |
Na década de 60, Claudio Santoro abandona sua fase nacionalista e retorna ao serialismo do dodecafonismo (um sistema de organização de alturas musicais aonde as 12 notas da escala cromática são tratadas como equivalentes, ou seja, sujeitas a uma relação ordenada e não hierárquica, criada pelo austríaco Arnold Schoenberg), unindo sua experiência e maturidade, lhe permitiu alcançar experimentos musicais mais avançados. Em 1967 foi convidado pelo Governo da República Federal Alemã para o Programa Artista Residente de Berlim Ocidental e pela Fundação Brahms de Artista Residente da Casa de Brahms (Baden Baden).
Permaneceu na Alemanha até 1978 dando aulas de composição e regência e participando ativamente das pesquisas musicais do país. Foi professor de regência, composição, diretor da orquestra e do departamento de músicas de orquestra da Escola Estatal Superior de Música Heidelberg Mannheim. Retornou ao Brasil como chefe do Departamento de Artes da UNB a convite do próprio reitor, organizando a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional de Brasília, aonde ficaria até o fim de sua vida.
Ao fim de sua longa jornada, Santoro deixou um acervo musical com cerca de 500 obras, dentre estas, 14 sinfonias, quartetos, cantatas, concertos, câmara para trios, solos,cantatas, música eletroacústica, poemas sinfônicos, oratórias, ópera etc, sem mencionar a incomparável inspiração e orgulho que deixou como legado para as gerações posteriores influenciando os músicos que surgiram mesmo após sua morte. No ano de sua morte seria-lhe prestado uma série de homenagens no Brasil, Alemanha, França e Rússia, pelo seus 70 anos.
Claudio Franco de Sá Santoro - * Manaus, 23/11/1919 † 27/03/1989 |
Prêmios Conquistados:
Orquestra Sinfônica Brasileira (1943)
Chamber Music Guild de Washington e RCA Victor (1944)
Interventor Dornelles (1945)
Guggenheim Foundation Fellowship (New York, 1945)
Governo Francês para estudos de pós graduação em Paris (1947)
Lili Boulanger (Boston, 1948)
Berkshire Music Center (Boston, 1949)
Medalha de Ouro da Associação de Críticos Teatrais do Rio de Janeiro (1950),
Internacional da Paz (Viena, 1953)
Saci (Oscar brasileiro, 1954)
Estado de São Paulo (1959)
Teatro Municipal do Rio de Janeiro (1960)
Ministério da Educação e Cultura (pela inauguração de Brasília -1960)
Associação Jornalistas de Brasília (1964)
Jornal do Brasil (1965)
Melhor Obra do Festival da Guanabara (1970)
Governo do Estado do Rio (1973)
Golfinho de Ouro (1977)
Moinho Santista (1979)
Ciccilo Matarazzo (1985)
Shell (1985)
Lei Sarney (1987).
Condecorações:
Governo do Amazonas (1969)
Bundesverdienstkreuz (República Federal Alemã, 1979)
Medalha do Mérito do Estado do Amazonas (1982)
Ordem do Rio Branco (1985)
Ordem do Mérito de Brasília (1986)
Governo da Bulgária (1986)
Governo da Polônia (1987)
Ordem do Mérito do Alvorada (1987)
Governo da França (póstumo, 1989).
Cidadão Honorário de Brasília (Câmara Legislativa do Distrito Federal – 2003)
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